SONO
SONO
Ele chegou de mansinho
E tomou conta de mim,
Um bocejo bem baixinho,
Dormi como um Serafim.
Primeiro veio um torpor,
Depois inércia total!...
A Morfeu não pude opor,
Quedei-me como um mortal.
Mergulhada no desmaio
Em meu leito confortável,
Sinto que do mundo saio
Numa aventura notável.
Levitando no princípio,
Vou me afastando da Terra...
Com um pensamento ímpio,
De longe eu olho pra esfera.
Sinto-me como se nunca
À Terra fosse voltar,
A viagem não se trunca,
Começo agora a voar...
Pelas nuvens passo rápida
Encontrando-me com a lua.
Ao vento torno-me lépida
Como se eu andasse nua.
Pelo espaço sideral
Me despedindo dos astros,
Já me sinto um imortal,
Igual aos anjos mais castos.
Eu, espírito no espaço,
Com alegria a cantar,
Do que fui, não há mais laço
A que me possa associar!...