Saciar-te
Silêncio, Aroma, Ar,
Nesse orvalho de mudez,
Teu seio flutua nu,
Ao fundo das sombras,
De desejo das velas.
Seu gemido quase lágrima,
Ondeia com a Noite em lábios,
Seu frescor,
Serpentei-me como vinha,
Sussurra-me sedutora tua face,
A orla do vale do almejo,
Amargas gotas tenras,
Crepúsculo voraz que exala,
No perfume virgem de tuas flores,
Minhas mãos dançam sobre seu corpo,
E em teu andar apenas me curvo,
Vagando por seu espectro em chamas,
Em ti esqueço o mundo,
E de tudo faço Luz e Eternidade,
De seu riso infante,
Seus beijos de Dor,
De seu labiar inquieto,
Derramo-me tal qual véu,
Sobre tua maçã paixão,
E teu olhar me dopa em grito.
Sobre seu corpo morfina,
É que a luxúria morta,
Renasce mais frondosa que da última vez...
Dessa entranha morta,
Vem rasgada vida,
A loucura intensa,
De desfolhar o Imortal,
E semear em tua Alma,
Somente a minha...
Trazer aos teus pés – todas as fontes inventadas por Amor...
Diluí-las em Águas puras,
E fartar todas as suas vontades ocultas...