DESCONSTRUÇÃO

E agora que não sei como se faz

Para desfazer

Se devo começar pelas paredes

Ou pelo teto

Se queimo a mobília

Se destruo as janelas

E arrebento as portas

E agora que não sei

Onde lanço as chaves

Se rasgo os lençois

Se quebro as estatuetas

Mas antes

Arranco dos jardins as flores

E agora que não sei se apago as palavras adejando

Pela sala

Se ignoro os beijos impregnados nas paredes

Se dou ao mundo os filhos

Que não tivemos

E agora que não sei

O que fazer de tantos tijolos

Como matar as traças

E as lagartas ondeando pelo muro

E agora que não consigo

Extrair os dentes dos alicerces

Que faço desta casa sombria

taniameneses
Enviado por taniameneses em 01/02/2011
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