DESCONSTRUÇÃO
E agora que não sei como se faz
Para desfazer
Se devo começar pelas paredes
Ou pelo teto
Se queimo a mobília
Se destruo as janelas
E arrebento as portas
E agora que não sei
Onde lanço as chaves
Se rasgo os lençois
Se quebro as estatuetas
Mas antes
Arranco dos jardins as flores
E agora que não sei se apago as palavras adejando
Pela sala
Se ignoro os beijos impregnados nas paredes
Se dou ao mundo os filhos
Que não tivemos
E agora que não sei
O que fazer de tantos tijolos
Como matar as traças
E as lagartas ondeando pelo muro
E agora que não consigo
Extrair os dentes dos alicerces
Que faço desta casa sombria