O lampião

O lampião da varanda da casa

(da nona que cochila na poltrona)

ainda ilumina o nada por fazer

e brinca (com a brisa)

de esconder vultos

- vem cá ver:

O lampião

guarda o cadáver

da borboleta

encantada pela lâmpada.

O lampião é um crematório

onde pequenos insetos são aprisionados

e incinerados.

A sombra imprime o desenho no meu braço

do último vôo da borboleta

prata e preta

que esvoaça e morre.

Tempo areia de ampulheta

tempo sombra

tempo areia

escorre...

Alguém passa

(uma sombra triste embaça

um retrato imaginário

de mulher)

e sob a lâmpada

(esquecida no jornal velho) a estampa da

transparência que sempre há-de-haver

na asa seca do cadáver

de uma borboleta

qualquer.

luca barbabianca
Enviado por luca barbabianca em 31/01/2011
Código do texto: T2764061
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