Ainda tenho

Ainda tenho

A idéia oprimida

O vestido rasgado

Ao lado do candeeiro

Na luz refletida

Os olhos da madrugada.

Ainda tenho

Resíduos escorridos

Pelo vão da janela

Em busca de novo espaço

Sem a fuligem dos receios

Laminando meu cansaço.

Ainda tenho

O estatuto guardado

Controlando ações

Alma escondida em fósseis

Inquietadoras cinzas

O sentido enigmático

De meu próprio retrato.

Ainda tenho

A mão leve que acaricia

Conciliado rosto da ternura

A mão forte da bravura

O gosto da fruta doce

Lambuzando o prazer.

O cheiro insano que seja dos planos.

Ainda tenho

A ausência que banaliza

A alegria da presença

Idéia da esperança

Sem a certeza da aliança.

Ainda tenho

A comunhão abortando tristeza

Limpando a alma

Trazendo a leveza

Centrado na possibilidade

De renascer a felicidade.

Ainda tenho

A tragédia da ilusão desfeita

Prendendo atitude

Contrapondo-se...

Faísca que seja de amor

Espantando a confusão

Pressão forte no peito

Abrindo vias...veias...teias... do coração.

Lucinda
Enviado por Lucinda em 31/01/2011
Código do texto: T2763000
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