Gueto Antigo

Apenas um homem comum... E tudo estava quieto
entre as ruas e becos do seu gueto;
dentro dele, mais do que tinha era secreto,
e vagava, descolorido em branco e preto...
Um dia virou poeta, abriu as portas
do seu gueto e entrou triunfante
numa cidade de esquinas tortas,
a cantar o mistério da ilusão ululante...
Coloriu-se de poesia e tornou-se caminhante
calçado de sonhos e de fantasia;
e anda, de coração em coração, em ambulante
lirismo, que sobre o improvável tripudia...
E quando quer voltar ao seu gueto esquivo,
vê que do vício poético a sua mão não solta...
Então, resignado, cria o poema, já tão cativo
das musas, que não lhe é mais possível a volta...






 
Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 31/01/2011
Reeditado em 12/09/2013
Código do texto: T2762921
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