Guarda-chuvas azuis
Guarda-chuvas azuis
Delasnieve Daspet
Tudo tão calmo, tão verde...
Tantas flores e tanta chuva...
Guarda-chuvas azuis, abertos,
Acompanhavam o féretro.
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Eu ia junto... o meu guarda-chuva
Seguia como uma bengala,
Uma bengala azul me amparando
Nas avenidas.
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Como é longo o caminhar
Até a cova aberta... e meus olhos
Viam apenas o cortejo azul,
como um mar, avançando len-ta-men-te...
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À beira da cova, profunda, - uma pedra enorme...
Retirada para a entrada do caixão.
Massa pronta... um túmulo se fecha
e, a alma não tem mais como sair...
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É como se gritássemos ao morto:
FIQUE AI!!
Ele não terá mais conexão com as flores,
Não voltará envolto em folhas, nas árvores ou raízes...
Calou-se - para sempre!
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Sua voz não será compreendida,
Não mais se aproximará da tênue brisa....
Presa na pedra, a alma fenece.
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Por favor, deixem-me junto da terra,
Deixe que eu me amolde e me dilua
Nos vermes e nas suas entranhas...
Pois quero voltar sempre.
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Quero crescer junto com a grama em volta da campa,
Nos flores dos arbustos que me darão sombra,
No gorjeio do sabiá, no final da tarde,
No murmurar do vento sul do Pantanal...
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Por favor, não me cubram com pedras...
Deixem que a minha matéria abrace o solo
E com ele se decomponha
Em novas vidas!
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Deixem que o balé de guarda-chuvas azuis
Me levem à última morada terrena.
Campo Grande_MS, 23 de janeiro de 2011 ( no Parque das Primaveras )
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