O FIM DA POESIA


Que venha a insónia esse futuro antigo,
onde consome a alma, à esquerda
onde exclama no corpo os sobressaltos.
Venha, espessa, folha acesa, fugaz ou rasgada,
planície vermelha, gélida e dilacerada.

Quando se sofre, o que se diz é vão ...
Meu coração, tudo, calado, ouviste ...
Porque, embora seja a loucura
Ora doce, ora dor inominada,
Nunca a dor, a dor atura
Corre pelo sangue na noite,
neste sol que despedaça o peito.
O rosto se cobre de grandes cinzas,
pesado como uma lágrima ...

A ninguém ... A minha Dor cabe
A minha Dor não fala, anda sozinha ...
e por tal silenciou-me a escrita, a poesia
Dôo-me até onde penso,
E de pensar, é órfão de um sonho suspenso
erguido num castelo de areia, que vi
Pela maré a vazar...
no cais de minha vida
onde só há maresia... dia após dia

Além da dor
só cabe o absurdo desejo, sutil e sem domínio
este amor que antes me fizera sonhar...
e que hoje me faz as letras abandonar...



OBS: A todos que aqui me acompanharam deixo estas letras, singelas, agradeço imensamente os comentários, as visitas...muito aprendi e cresci nestes tempos...e tudo aqui, foi escrito de forma intensa, vivida ou querida...mas eis que é tempo de calar os lábios e as mãos...de silenciar a poesia em minha vida...preciso me reencontrar e essa é a única forma de fazê-lo.
...Me despeço com lágrimas nos olhos e rosas aveludadas nas mãos que as ofereço a cada um que por aqui passou.
Meu carinho e eterna gratidão


           Fernanda Mothé

Fernanda Mothé Pipas
Enviado por Fernanda Mothé Pipas em 30/01/2011
Código do texto: T2760452
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