MEU JEITO DE CERZIR A ALMA

Sou um nome rabiscado na superfície

De um oceano qualquer

Que me ensopa a pele e os ossos

E me obriga

A pendurar os sonhos no varal

Para secar ao vento.

O meu poema não me salva

De mim mesma nem das tempestades

Que os dias me derramam

Só me ajudam a navegar segura

Entre barcos e nuvens.

Poemas são raízes andarilhas

Que enlaçam a mesa

E sobem pelas paredes

E engolem cenários

E pessoas.

O meu jeito de cerzir a alma

Com fios de cristais

Que se rompem a um nó mais forte

As vezes me tira o fôlego

Só no final da poesia

O ar

Que eu respiro

E volto a vida.

Quitéria Régia
Enviado por Quitéria Régia em 29/01/2011
Código do texto: T2760326
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