MEU JEITO DE CERZIR A ALMA
Sou um nome rabiscado na superfície
De um oceano qualquer
Que me ensopa a pele e os ossos
E me obriga
A pendurar os sonhos no varal
Para secar ao vento.
O meu poema não me salva
De mim mesma nem das tempestades
Que os dias me derramam
Só me ajudam a navegar segura
Entre barcos e nuvens.
Poemas são raízes andarilhas
Que enlaçam a mesa
E sobem pelas paredes
E engolem cenários
E pessoas.
O meu jeito de cerzir a alma
Com fios de cristais
Que se rompem a um nó mais forte
As vezes me tira o fôlego
Só no final da poesia
O ar
Que eu respiro
E volto a vida.