Anatomia e fisiologia de um poema
Sua substância não é carne e osso
É palavra e sentimento.
Os órgãos vitais são palavras,
O ar que respira é sentimento.
O coração rima, não bate
O sangue escreve, não circula
O cérebro faz pensar, não pensa
Os hormônios são tão somente
O mistério das palavras.
Os músculos, sua firme declaração
Os tecidos, seu palco
Os cabelos, seus vários caminhos
Os dedos das mãos, seu alcance
Os pés, a caminhada.
Os olhos enxergam além das palavras
Os ouvidos ouvem apelos silenciosos
A língua degusta o doce-amargo da vida
O nariz cheira a primavera do coração
As mãos acariciam a verdade.
As células de um poema: as letras
Todas juntas como tijolos
Um todo harmonioso
Dão vida a vida:
Um poema.