Anatomia e fisiologia de um poema

Sua substância não é carne e osso

É palavra e sentimento.

Os órgãos vitais são palavras,

O ar que respira é sentimento.

O coração rima, não bate

O sangue escreve, não circula

O cérebro faz pensar, não pensa

Os hormônios são tão somente

O mistério das palavras.

Os músculos, sua firme declaração

Os tecidos, seu palco

Os cabelos, seus vários caminhos

Os dedos das mãos, seu alcance

Os pés, a caminhada.

Os olhos enxergam além das palavras

Os ouvidos ouvem apelos silenciosos

A língua degusta o doce-amargo da vida

O nariz cheira a primavera do coração

As mãos acariciam a verdade.

As células de um poema: as letras

Todas juntas como tijolos

Um todo harmonioso

Dão vida a vida:

Um poema.

Carlos H F Gomes
Enviado por Carlos H F Gomes em 28/10/2006
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