um tanto assim de perdão
em se tratando de amor
tenho mãos de jardineiro
quando cuida da flor
tenho nas pontas dos dedos
estilhetes tão afiados
que te sangram as costas
e transformam teus relevos
quando ouço
teus gritos em falsete
e os teus gemidos abafados
em se tratando de cor
posso te desenhar nas cores
das flores do meu jardim
posso sim
te plantar
te colher
te regar pelos cabelos
te sonhar os pesadelos
te fazer florir
mas em se tratando de dor
e se for dor de amor
sou um destemido
sou anfitrião
abro meu peito doído
e me dôo
consentido
sem medo
pois sei
que ainda tenho
guardado em mim
em segredo
um tanto assim
de perdão