Envelhecer
Esther Ribeiro Gomes
Olho no espelho, vejo uma estranha.
Onde foi que perdi meu rosto?
As rugas do meu desgosto,
os vincos que a vida faz,
já não me reconheço mais!
O tempo, implacável, não para...
As marcas que hoje me pesam
e no meu corpo se revezam,
são tatuagens de ferro em brasa,
eternizadas no meu coração...
O tempo não concede perdão!
Das lembranças do passado,
guardo as fotos com cuidado.
Nesses antigos retratos,
vejo meu sorriso desbotado...
Pelas ruas levo a minha solidão,
meu ser invisível, caminha na multidão.
As pessoas passam apressadas,
ninguém se importa com minhas mágoas...
Meu sonho antigo mil vezes refeito,
tranquei a sete chaves dentro do peito!