Coração do Mundo

Estou bem no coração do mundo, sinto seu sangue circulando em mim...

Não é líquido, nem translúcido. Palpável como areia de ribeirinha.

Areia fria que corre nas minhas veias

Sinto cheiro de asfalto, de tijolo. De muro concreto...

Transformou-se meu líquido quente, que umedecia a tua boca, já não passa de pedra...

Pedra que jamais chegou a ser qualquer flor...

Tudo armação de quem apenas precisava voar.

Mas varei céus e fui muito além do limite.

Foi no momento da trovoada... Aproveitei e me vesti.

Andava tão nua...

Benditos raios, atingiram em cheio meu coração de ar!

Consegui, enfim, fazer uma dança no topo do mundo...

Delirar!

Virei bailarina...

Cheia de purpurina a bailar!

No alto...

No céu a rolar, rodar, rolar...

Fevereiro/2005

Verônica Aroucha
Enviado por Verônica Aroucha em 25/06/2005
Código do texto: T27583
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