Coração do Mundo
Estou bem no coração do mundo, sinto seu sangue circulando em mim...
Não é líquido, nem translúcido. Palpável como areia de ribeirinha.
Areia fria que corre nas minhas veias
Sinto cheiro de asfalto, de tijolo. De muro concreto...
Transformou-se meu líquido quente, que umedecia a tua boca, já não passa de pedra...
Pedra que jamais chegou a ser qualquer flor...
Tudo armação de quem apenas precisava voar.
Mas varei céus e fui muito além do limite.
Foi no momento da trovoada... Aproveitei e me vesti.
Andava tão nua...
Benditos raios, atingiram em cheio meu coração de ar!
Consegui, enfim, fazer uma dança no topo do mundo...
Delirar!
Virei bailarina...
Cheia de purpurina a bailar!
No alto...
No céu a rolar, rodar, rolar...
Fevereiro/2005