A BRITADEIRA
escassa em idade,
minha casa é tua
fonte da juventude.
Nela,
há um armário cheinho de troféus,
vitórias de pouco passado,
há um canto com tapetes pisados
junto a almofadas mudas,
há um cinzeiro lotado
de cigarros não fumados,
há tanto papel rabiscado
e muito nada escrito...
Ah, as rabugices da meia-idade!...
elas somem com o tempo,
bastam as rugas superficiais
da casa em plena adolescência.
Nela,
o lixo é quase sempre reciclado,
mas tudo de eterno, fica
na porta de entrada, sempre protegida
pela árvore de folhas medicinais
para dor-de-facão, para má-digestão
e haja chá pro coração...
para a circulação dos amigos
que, perdoados, entram sem bater.
escassa em idade,
a casa se enche de meninices
quando te vê, dengosa, se aconchegando.
Nela,
cheia de modernices
e poucos botões digitais,
o tempo brincou de ir
mas parou quando vinhas
madura, qual vinho,
pronta para comemorar
as articulações
de amar e junto morar!
Desculpa a britadeira
fazendo zoeira na rua?
Na hora exata, ela deixará
o silêncio dormir na casa em paz.