Desejo derradeiro

Quero meu direito de sofrer

Sentir toda a minha tristeza íntima

Me deixa apreciar a obra-prima

A beleza tenaz e singela da melancolia

Porque é assim que se forma um homem

Várias horas de tédio, revertério e fome

Quem muito se apega a alegria

Acaba pegando alergia

Da face real que tem a vida

Aprendemos a amar ilusões

Bêbados, por fim, escravos

Seja do amado álcool ou de ligeiras emoções

Quem sorri em breve chorará

Quem nasce, não sabe, mas vai ter que matar

Não precisamente com as mãos próprias

Mas com dinheiro, desejo, talvez até por hóstias

É o mal interminável

Que torna o bem admirável

E visível também

Quero aproveitar todas as coisas que se fazem

Enquanto ainda estou encarnado

Só quero viver, viver por inteiro

Esse é o meu desejo derradeiro.

Felipe Alves Freitas
Enviado por Felipe Alves Freitas em 27/01/2011
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