É chegado o tempo
Do silêncio dessas palavras
De calar a malfadada poesia
De calar a voz atroz em mim
Que clama, clama e clama sem fim
Não cantar mais, nunca mais
Essas dores com suas duras cores
Esse mal sem fim dos amores
De todos os amores...
Nunca mais cantar assim
Esse tempo a me devorar
Com a devoção de nunca terminar
É chegado o tempo
De perder a noção dessas vontades
De querer demais não querer nada
De carregar aqui e ali os sonhos
Como lenha para essa fornalha
E queimar em esquecimento
A vida, a vida em movimento
O movimento de não ter vida
A vida no pensamento e na vida
Todo o sentimento...
A vida o que foi, o que é
E o que teria sido se não fosse
Se fosse tudo aquilo que não é
E o que será que vai ser?
A vida não é mais
Nem o melhor motivo para viver
E viver é deixar-se arder
Nas fornalhas do tempo
E tornar-se cinzas para a eternidade
Deixar-se ir e ser carregado a tempo
Suavemente e para sempre
Nas asas do vento...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 27/01/2011
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2755482
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