Se uma palavra que fosse
apenas pensada, intuída, sentida,
ou talvez nunca mais proferida,
viesse tocar-me, sem querer,
esse silêncio dos sonhos,
e, de leve, me roçasse sutil
alguma paz do sono, enfim,
absurdamente precisa
e absolutamente necessária.
Se uma palavra viesse
repentinamente calada
na calada da noite
beijar-me os olhos cansados
de perder esses horizontes.
E se viesse com juras tão puras
de um amor que, só em sonho
eu teria e só!
E nunca mais nada
nem a palavra calada
assombrada em minhas noites
as mais tristes e solitárias,
uma palavra que fosse
algo que ainda se diz
e viesse me dizer nada
de um dia me fazer feliz.
Eu devoraria essa palavra
com a fome dos mortos
e a loucura dos surdos.
Devoraria essa palavra
mesmo sem saber o que nunca diz...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 27/01/2011
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2755200
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