Para um jovem demolidor
O trânsito estava intenso àquela hora na avenida,
então parei, para não correr o risco de perder a vida.
Foi aí que o vi
num prédio em demolição,
magro e empoeirado,
com uma marreta de ferro na mão.
Equilibrando-se sobre uma laje,
sem segurança qualquer,
eu o via trabalhar
e, com a marreta de ferro,
a parede derrubar.
E como naquele instante
o sol estava escaldante,
às vezes ele parava
e o suor do rosto
com a camisa enxugava.
Olhando pra ele com temor
de que pudesse dali cair,
dentro de mim eu orava
e em seu favor suplicava.
E quando o trânsito diminuiu
e a avenida atravessei,
com muita emoção, pra ele,
mais uma vez, eu olhei.
Ele jamais saberá
que estive a observá-lo
e enquanto trabalhava
com a mente o fotografava.
Também jamais saberá,
aquele jovem demolidor,
que a ele dediquei
este poema com amor.
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Do Livro “Simplesmente Poemas” – Pág. 94