StarLight
Varre a noite, em claro, e morre
Mais um clarão da nostalgia
Os cúpidos olhos penetram
A alma e aflora a imaginação
Séquito o coração balança
Em meio às ondas sutis
Das lembranças e canção
Do íntimo sereno e em brasa
Queima a flor da luz
Da estrela que brilha
Para mim no esplendor
Do céu. É só uma luz!
Vaga em meio a vaga
Que em mim dormece,
À espera e em silêncio,
Do rebuliço da visão
O caçador aponta para
O brilho a sua frente
Enfileirado em três pontos,
Pingos de luz fumegantes
É o brilho mais intenso do céu.
Vez em quando meu olhar
Se fixa premente e a mente
Desata a perguntar e rugir
Não és tão indiferente
O teu brilho e posição
No céu, nem se quer
É só minha sensação
Quando olho a ti no céu
A tiritar com chuviscos
Viscosos de luz azul-violácea
Ressaltada pelo negro do nada
Não vieram de algum lugar,
Nós que não sabemos os porquês
De tantas questões ainda pendentes
Em nosso ínfimo conhecimento?
Não acarreta nossa imaginação
Sonhar com a luz do céu
Que justifique nossa existência?
Estamos meio perdidos aqui.
E o que devemos esperar?
Não somos donos de si mesmos?
O que devemos esperar?
Somos nós deuses de nós mesmo?
Os olhos sob o céu refletem
Muitas coisas que desejamos
E a boca profere muito o que
Sentimos em pobres palavras
E observo o passar da minha Sírius
A que mais brilha na noite límpida
De céu estrelado ao lado do copo
De palavras que pouco encerram
As descrições desse universo
Que de tão grande e complexo
Nos levam a acreditar em parcos
Assuntos e temas e fórmulas pueris
Fosse a vida fácil e simples
Seria eu talvez a síntese
Da complicação dos céus
Só para variar...
E no rastro da Sírius
Em noite quente de verão
De pouco sono e inspiração
Fenece a verve poética de sempre
Nostálgica e meio desjeitada
Pois passam dias de muito trabalho
Ao lado do copo de vinho, palavras
E pouca palavras, parcas, e sofreguidão
Talvez amanhã,
Se houver algum brilho...
Se sobrar algum fôlego...