MEU SAGRADO JÁ MORREU DE SAUDADE
Não ando
A acender velas;
A pagar novenas;
A beijar o manto
Da santíssima mais bela
No dia consagrado à ela
Deus
Não me faz cenas
Não mais relampeia
Não, não... Deus não me acena
Ou me sacaneia...
Ele apenas despeja em meu oceano
O estrondo relâmpago do próprio âmago
Que cai, saltimbanco, na terra...
(Retumbo comum de acidente estanco
Que tanto incendeia as árvores secas...)
Meu sagrado já morreu de saudade
Deus não é mais ele por inteiro,
Anda perfeitamente “oniausente”
(Reticências d’um sapatinho de cristal
Do pequenino pé descalço da Cinderela)
E Deus é indulgente com minhas mazelas
Enriquece-me com mil futilidades
Pelas coerentes colunas das minhas tabelas
De cálculo estatístico de probabilidades