SOFRIMENTO
Sinto-me bastante nauseabundo,
em estado de torpor, indiferente,
sem entender o que este mundo
complexo reserva para a gente.
Letárgico, num sono profundo,
fixo o horizonte, mas nada vejo
senão um vazio que, no fundo,
me causa espanto e choro sem pejo.
Tento ordenar meus pensamentos,
raciocinar com equilíbrio, prudência,
sem macular os meus sentimentos,
solucionar tudo sem incongruência.
Longe de mim tudo está o que quero,
embora vislumbre tudo tão perto.
É que não consigo alcançar o que espero,
pois tudo se torna indefinível, incerto.
Eis, pois, o que chamo de grande sofrimento:
tudo que desejo escapa, como por encanto,
das minhas mãos no exato momento
em que está perto, mas longe, no entanto.