OLHOS DE RUBI // HISTÓRIA DO POEMA

O que de mais lindo

Eu vi

Posto no parapeito da janela

Foi um ratinho de papelão

Com olhos de rubi

***

História do poema OLHOS DE RUBI.

No mercado central de Aracaju há vendedores ambulantes que negociam brinquedos artesanais sui generis. Desde menina gosto muito desses brinquedos, meus preferidos eram as bruxas ou bonecas de pano, o Mané-gostoso e os caminhõezinhos de madeira. São muitos os tipos dessas brincadeiras especialmente pensadas para crianças pobres da roça que brincam até com o barro fazendo o que lhes indica a inspiração infantil.

Criei meus filhos dividindo o amor pelos brinquedos, uns modernos e eletrônicos e aqueles do mercado. Comprava os caminhões para o menino e as bonecas, mobílias e ratinhos para as meninas. Eles se encantavam e até faziam trocas. O ratinho era o preferido.

Esse ratinho é feito em papelão grosso e no interior do corpo é colocada uma espécie de carretel onde está enrolada uma linha. O carretel é preso ao corpo do ratinho por elásticos. De tal sorte, a criança puxa a linha que sai por um orifício nas costas do brinquedo e, em seguida, a solta. Então, o ratinho sai em desabalada carreira. Dava gosto ver a alegria das crianças, pois o rato parecia vivo. Pena que a corrida dele dura pouco e, se a gente colocar um barbante maior, não funciona. Segredos do fabricante.

Quando comprei lembranças para os meus netos em Madrid, incluí, entre outras, os caminhões de madeira e o ratinho. Eu sonhava com o momento em que o meu neto nascido em Madrid visse aquele brinquedo nordestino. Não foi possível. Coloquei o ratinho na janela da saleta onde tenho o PC e, vez em quando, olho para aquele ratinho, um sonho frustrado, por enquanto.

taniameneses
Enviado por taniameneses em 26/01/2011
Reeditado em 26/01/2011
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