NO LIMITE EXTREMO DO CÉU

Paisagens encardidas dos canteiros de marginais sem fim. As buzinas empedernidas em cima em cima em cima de mim (logo em seguida os carros que estacionam em fila dupla). Vejo os meninos rindo. Meninos amigos, em bando. Estão brincando, lindos, ladinos, na saída da escola. No outro canto da rua o cachorro magro (puro osso) fuça, revira a boca do lixo. À minha frente um ônibus acelera e quase atropela a senhora idosa, velha morosa de andador(lerdeza que me acelera uma qualquer dor). É sempre uma nauseante droga. O que é esse maldito sentimento hipócrita de culpa, por nada e em relação a tudo... Fustigo furtar o castigo por uma redenção maluca, um escape consciente desta fuga quando a percebo já intrusa. Por esforço, lembro-me de mim, bem presente ali, olhos abertos e mente, a sentir-me livre de erros. Estou bem vivo, desnudo de sonhos vis ou placebos. E, me dou a mim, de novo. E me perdôo. Enfim, sobrevôo todo o escolho bem lá do alto. Plaino o campo de guerra desses falsos dilemas já sem essa casca oca da estúpida piedade e escalo os tons do meu próprio azul, pleno, até os limites extremos do meu céu.