BAILADO DA VIDA E DA MORTE
Não faz muito
a noite jogou pérolas
sobre as folhas.
Punhais de sol
adentram o coração da Mãe-terra
manhã luminosa ressurge halos
corcovos de fletes alados,
centauros na pampa espacial.
Charqueadas:
margens dos braços tortos do Jacuí
carrancas no azul
fumo na boca das chaminés.
Pequenino barco de pescadores,
com seu ronco de suor
e a água do rio é um rosário
em ação de graças.
Para quem apenas vem e vê
o ar inscreve artérias campesinas.
Para os que ficam
permanece no azul
o espantalho de flocos,
bailado da vida e da morte.
- do livro MODERNIDADE POÉTICA NO RIO GRANDE DO SUL. Porto Alegre: Caravela / Instituto Cultural Português, 1984, p. 26. Neste, o poema aparece com o título de ECOLÓGICA.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/275108