A MINHA FORTUNA
Se a vida me nega fazer fortuna,
se os céus não me mandam vencer,
se de bom que me resta é lacuna,
de ruim vem do alto me fender .
Então voejo pela noite menina,
vou contigo com as estrelas bailar,
frente a frente teu olhar me fascina,
com foturna não vou me importar.
Vejo em mim um semblante pesado,
muitas rugas já apontam aflição,
este fado de dor que vive ao meu lado,
não me serve de aio na escuridão.
Eu sob as nuvéns deste céu altivo
e sobre o chão que me instam pisar,
dos meus desejos me sinto cativo,
de tudo que posso ou não desejar.
Mas não quero, senão o teu bem,
ver em teu rosto um belo sorriso,
a minha riqueza outro não tem,
só tenho o que mereço e preciso.
Tenho a flor que abre a manhã,
e a sua luz que meu rosto clareia,
ao meu lado como se fosse irmã,
tenho a noite de lua cheia.
Os meus olhos tem os teus,
a minha boca tem a boca tua
os teus desejos são desejos meus,
tudo isso que em mim insinua.
(YEHORAM)