Espelho mágico

Espelho mágico

Meu avô era barbeiro

E na sua barbearia

Havia um espelho

Enorme...Oitavado...

O que para mim pouco interessava

Pois desconhecia o significado

Desta palavra que mais parecia

A velha cantilena da professora

Ensinando tabuada.

O espelho ficava numa sala especial

Bem em frente à janela.

Nesse espelho eu via

Não a imagem refletida

De uma menina sapeca, desajeitada

De pés no chão.

De real, bem ao fundo, as montanhas

E o que havia além delas?

O espelho me mostrava

Uma moça bonita, cheia de sonhos

Outro mundo, outras oportunidades

Titubeando a realidade.

Nesse espelho eu via

Um portal de magia,

Só bastava atravessar...

Logo ali do outro lado

Estava o que eu mais queria

Foi em frente a esse espelho que aprendi

A fazer de mim o que eu queria de mim

Foi nesse espelho que me vi

Do jeito que eu queria ser

Vi um mundo de tantas belezas

E a chance de ser real

E assim pude enfim tocá-lo

Com a ponta do meu dedo.

O espelho não me mostrou

As agruras que encontraria

Para cada sonho eu poder sonhar.

Foi muito sábio o danado

Pois se tivesse contado

Ainda estaria lá...

Olhando aquelas montanhas

Olhando...Olhando....sem coragem

Para ir além do olhar.

Perpétua Amorim
Enviado por Perpétua Amorim em 27/10/2006
Código do texto: T274875