O DIA DO MEU SILENCIO

O DIA DO MEU SILENCIO

JoaKim Santos

Sou de origem oportuna e perfeita

Talvez estranho á luz do dia,

Mas o meu pensamento me aceita

Medita no sonho onde repousarei um dia

Nas distâncias azuis da imensidade

Ergo um altar com a imagem do silêncio

Cintilado com as cores da claridade

Esta paisagem que parece morta

Mergulhada em tons de luz celeste

É apenas o abrir de uma porta

A um jardim onde reinou o cipreste

E o silêncio que reina, é voz dormindo

No azul dormente, para o sol que dorme

Para que a alma não fique sentindo

Na funda crava das raízes e se transforme

O meu sublime, sou tudo o que existe

Herói do meu tempo que persiste

Em espirituais sementes que germinam

O meu saber, minha vontade desprendida

Por quem vai seguindo a fragosa encosta

Pelos soturnos píncaros miando

O vento de vez em quando emudecia

Era o silêncio gritando

Que seria meu um dia

Eu sei, também vejo tua dor

E pesado é o cálice da amargura

Mas delicioso é o seu sabor

Que amortalhada em pálida doçura

É o dia do meu silêncio.

Portugal / Loures

23Jan2011