Amante Sepulcral
Me deu o beijo de lama meu amante da noite passada
não sofri nem chorei pelas amargas pesadas
nem meu corpo curvou ao soco e punhaladas
que recebi com amor de defunta descarada
Me alisei nos buracos que me sobraram
me senti pelo vento carregada para o chão
levantei o rosto morto pro amante
amante doce que me levou para o caixão
Empertiguei meus ossos pontudos
revirei os braços e pernas entortados
para alcançar mais um desejo afogado
e lançar um sopro podre ao primeiro alheado
Ver o meus requintes sobre pedra dura
ser alvo das chacotas de raparigas e putas!
na minha cela enterrar cantos e lamúrias
onde escondes, oh amante, tua boca muda?
Me roubaste o som me transformaste em serpente
e mais as pétalas do meu chorar de amor
não me ficou nem teu rosto nem teu beijo
para compensar a dor de morrer em teu ardor.