Amante Sepulcral

Me deu o beijo de lama meu amante da noite passada

não sofri nem chorei pelas amargas pesadas

nem meu corpo curvou ao soco e punhaladas

que recebi com amor de defunta descarada

Me alisei nos buracos que me sobraram

me senti pelo vento carregada para o chão

levantei o rosto morto pro amante

amante doce que me levou para o caixão

Empertiguei meus ossos pontudos

revirei os braços e pernas entortados

para alcançar mais um desejo afogado

e lançar um sopro podre ao primeiro alheado

Ver o meus requintes sobre pedra dura

ser alvo das chacotas de raparigas e putas!

na minha cela enterrar cantos e lamúrias

onde escondes, oh amante, tua boca muda?

Me roubaste o som me transformaste em serpente

e mais as pétalas do meu chorar de amor

não me ficou nem teu rosto nem teu beijo

para compensar a dor de morrer em teu ardor.

Paula Scoz Damázio
Enviado por Paula Scoz Damázio em 23/01/2011
Reeditado em 09/03/2011
Código do texto: T2747490
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