Sinto o clamor
Sinto o clamor de seus passos
Na ventania duvidosa
No suplicio da noite vazia
Enlaçando a poesia.
Turbulentos e desconexos
Entregue estão os pensamentos
O que era apenas esboço
Da primeira idéia
Toma forma e vira condição.
Estreitas divisas
Na guarnição do peito
Prendendo o sorriso livre
Aloja hospedeiro insuspeito
Cedendo espaço alugada solidão.
Preso na filosofia do viver cada dia
Esquecendo de vez qualquer euforia.
Saudade sem luz generosa
Dor que não hesitaste sangrar
Ícaro desvairado
Que sem asas insiste voar.
Flama em cadencia o céu riscou
Pairando em laço descabido
Que ainda em suas mãos desatou.
Nessa hora entorpecida
Paisagem sombria
Alvorada sem luz boreal
Espaçando o ponto final.
Talvez tudo fosse preciso
Na seriedade do momento
Fisgada incisiva sangrando o tempo.