Sinto o clamor

Sinto o clamor de seus passos

Na ventania duvidosa

No suplicio da noite vazia

Enlaçando a poesia.

Turbulentos e desconexos

Entregue estão os pensamentos

O que era apenas esboço

Da primeira idéia

Toma forma e vira condição.

Estreitas divisas

Na guarnição do peito

Prendendo o sorriso livre

Aloja hospedeiro insuspeito

Cedendo espaço alugada solidão.

Preso na filosofia do viver cada dia

Esquecendo de vez qualquer euforia.

Saudade sem luz generosa

Dor que não hesitaste sangrar

Ícaro desvairado

Que sem asas insiste voar.

Flama em cadencia o céu riscou

Pairando em laço descabido

Que ainda em suas mãos desatou.

Nessa hora entorpecida

Paisagem sombria

Alvorada sem luz boreal

Espaçando o ponto final.

Talvez tudo fosse preciso

Na seriedade do momento

Fisgada incisiva sangrando o tempo.

Lucinda
Enviado por Lucinda em 23/01/2011
Código do texto: T2746736
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