Mensagem da Mãe
"Sou uma mãe cansada,
dos meus filhos ingratos.
Que me contemplam com olhares duros,
e expressões crispadas de ódio -
não sabem mais sorrir.
Criaram um deus-fantasma
- chamado dinheiro -
e o veneram tresloucadamente.
Me despojam das riquezas,
partes do meu corpo sagrado
e me devolvem dejetos contaminados.
Não sou sua propriedade,
sou a sua fonte de vitalidade
e de felicidade.
A água, o meu sangue,
está sendo profanado
e em breve já não a terão
límpida, pura e virginal.
Sou a sua matriz,
não uma meretriz !
Constroem um mundo estéril,
artificial, cego, injusto
e disseminam a amargura
e a infelicidade.
Já não consigo gerar,
me doar como outrora,
multiplicando as suas sementes
e a fome assolará toda a humanidade.
Lutam entre si,
como se não fossem irmãos.
Digo-lhes meus filhos,
se não se corrigirem,
perderão o caminho de regresso ao lar.
Sou uma Mãe magnânima,
mas para corrigir os seus erros brutais
posso também ser terrível.
Não me desafiem,
minhas fôrças são imensas,
muito mais poderosas
que as armas construidas
pelo seu instinto belicoso.
O segredo da vida
ao homem não pertence -
êle é o resultado desse milagre.
Devotem o seu tempo e a sua energia
para amar todas as criaturas.
Busquem humildemente
a senda do perdão,
para que eu também
possa lhes perdoar,
amenizando os seus sofrimentos.
Sempre a sua ... Mãe Natureza."
Brasília, 10 de fevereiro de 2003