Madrugada


O homem que eu beijava
cheirava a madrugadas
e em seus lábios orvalhava
lágrimas de absinto

Ali mesmo eu pousava.

Não sabia o que sentia
se era fato deveras
se era sonho, labirinto
se era arena de feras
pois de mim se alimentava
ainda que sonho meu
em verdade, inventava.

E em verdade confesso
tanto é o que em manhas teço
que em poucas sobras do eu
este mesmo que vos fala
e também fala de mim
sentada em qualquer calçada
deitada assim de dorso
a ver brilho além do breu
sei de tudo que distorço
só não sei se o que minto
não é o que de fato, sinto

pois

O homem que eu beijava
cheirava a madrugadas
e em seus lábios orvalhava
lágrimas de absinto
ali mesmo eu me esculpia
em delírio que morria
não sei se apenas sonhava.

T. Otoni, 01 / 2011
Elane Tomich
Enviado por Elane Tomich em 21/01/2011
Reeditado em 26/10/2013
Código do texto: T2743828
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