Após a Hora Zero
Sobre passos frenéticos e incógnitos,
Eternos vagares sob a luz do luar,
A madrugada se abre e desaflora
Para quem a queira deslumbrar.
O silêncio prevalece nas ruas frias,
Sussurros carentes do amigo vento,
Uivos de casais apaixonados
Mal podem ser ouvidos nesse alento.
Gatos fuçam lixos como cães.
Cães dormem em esquinas abandonadas,
Pardais mortos em ninhos vivos
De penas multilaceradas.
A cada metro avançado
Uma nova solidão é descoberta
Na vida sem vida da madrugada,
Dama pura de tão deserta.
Almas penadas que se cruzam
De imediato ignoram
Presenças que não sejam suas;
Esgueiram-se rápido em qualquer rua...
Com sua graça de eterna apaixonada
Preenche vidas, corrói almas
Destrói qualquer barulho ou ruído
Com sua essência desgraçada.