Calma

Tomado pelo fascínio esperei a aurora plácida,

Mas inútil. O meu desejo e minha espera são chamas

E a emoção é cáustica: ardor no espírito que principia

E alastra, e logo morrem nos enleio da esperança.

No vazio do meu imaginário soam aplausos,

Talvez me avocando... Ouço-os e solicito sereno

Calma a quem os soa no rio em que mergulho.

Afasto-me e retorno ao declive extinto de meu desgosto.

Vibro entre o começo e o fim. O enlêvo lava,

Com fartura, e o deixa de corpo macio e lustroso.

Subo no apogeu aonde há zombaria que esguedelho,

E, ao alcançar de fato o pico da cordilheira,

Volto de novo porque lá em baixo deixei o caramelo.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 25/10/2006
Reeditado em 26/10/2006
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