Parábola da Poesia
Nasceu de mim como filha
Ensinei-lhe meus caminhos tortos
Minhas paisagens
Os meus atos e meus desacatos
e outras tristes sortes,
Dei-lhe sonhos
e deixei que adormecesse
Docemente em meus braços.
Como boa mãe lhe fui
Ensinando os segredos
Da alma feminina
E os caprichos masculinos
Que visceralmente matam.
Dei-lhe força de furacões
E lhe quebrei todos os laços
Ela cresceu e ganhou o espaço
E eu já não a encontrava
E eu chorei, padeci
calei e adormeci
em noites sem luas
em mares sem ondas
em amores sem sonhos
em viver sem vida
E numa noite sem paixão
Angustiada a alma
Voltou-me calma
E eu fiz festa
rendi louvores,
ofereci -lhe flores
e som de mil orquestras
Oferta de manjares
encontro de olhares
e fui pura magia
Brindar na madrugada
A volta da minha POESIA!