Sementes de Poesia
Maior que o rugido
da fera sentinela
que guarda o valor das tristezas
é o brado da vontade
que clama por felicidade
e que jamais se escondeu
no caminho que percorreu.
É o sonho de Medina
que um novo horizonte descortina.
O canto do poeta é presente,
rebuscado em dissonâncias,
liberto da rotina e das constâncias,
fugindo das águas mortas,
abrindo todas as portas,
capaz de arrombar calabouços selados
que embargam sentimentos,
limitam, do vôo, os movimentos,
travam as possibilidades do riso farto,
bloqueiam o útero ávido do parto.
O canto do poeta é dádiva divina
que o infinito descortina,
bordando cenas de momentos coloridos,
mesclando o futuro com tempos idos
na composição da colcha da vida.
Os matizes cinzentos da dor
harmonizam-se com os dourados do amor.
O canto do poeta
é uma semente sem rumo, sem direção,
a bailar no vento que acarinha
até encontrar um peito que o aninha.
Aí, então, germina.
A obra passa a ter vida própria
independente do criador.
E te encantas, poeta,
quando do teu jardim
alguém colhe essa flor.