Chove chuva...
Esther Ribeiro Gomes
As chuvas de verão caem impiedosas
e chegam, mais uma vez, destruindo tudo!
Desolado, meu coração fica mudo...
Os pingos caem, tamborilando na janela,
respingando na alma gotas de dor
e recomeçam aquelas cenas de horror!
Vidas que se perdem, famílias dizimadas,
novamente promessas de tudo mudar...
Passa mais um ano, nada se faz
e o povo sofrido tem que recomeçar!
Mais uma vez, o velho filme se repete...
Amarelado, desbotado, retorna no verão
e ano, após ano, entristece o coração...
Mortes, desespero, destruição,
os morros desabam e vidas se acabam!
Será que o sofrimento não tem fim?!
Constroem nas encostas por falta de moradia
e ano após ano, repetem o mesmo discurso,
velho, amarelado, de olho no voto do pobre coitado...
E agora, José? E agora, João?
De novo, sem nada, de novo sem pão...
Meu Deus, até quando terão que engolir mais um não?!