SEM O MELINDRE
Como viver
Sem o prazer
Sem o sonho
Sem o enlevo
De ser senhor
E ao mesmo tempo pertencer
Como viver sem esse exagero
A encher o peito
Mesmo se de um bem desfeito
Como, sem a música
Sem o brinde
Sem o melindre
Como viver sem
Uma longa estrada a percorrer
Sem raios de sol a escorrer
Entre os dedos
Sem a lua nos arvoredos
Vá, diga, como continuar
Sem por alguém suspirar
E sem falar
Com as ondas do mar
Como viver se poderia
Sem a condenação da poesia
Como, sem uma canção nos ouvidos
Sem apurar todos os sentidos
Ah, eu nem sei
Como viver engaiolada
Sem a liberdade
Sem a verdade
Sem o beijo do vinho
Sem conversar com passarinhos
Sem rosas com espinhos
Como viver mornamente
Sem uma dúvida
Frequentando a mente
Como viver sem viver