Ele e ela
Ela acordava todo dia cedo,
Aprontava para ir ao trabalho,
Ele ficava mais um pouco dormindo,
Para depois amassar o alho.
O dia todo no domicílio,
Em frente à TV ou no computador,
Perdendo para a vida o litígio,
Mas nunca perdia o garrido.
Na hora do almoço ria alto,
Estava até um pouco gordo,
Tirava um cochilo satisfeito,
Jamais se sentindo fatigado.
De tarde não tinha nada para fazer,
Brincava com o cachorro ou com a filha,
Um anarquista que sabia viver,
Em hipótese alguma caia em armadilha.
De noitinha chegava à namorada,
Da esquina escutava sua barriga roncando,
Coitada, sempre se sentia languida,
E desaforos toda noite ficava escutando.
Então ela tinha sua vingança,
Sempre na hora de dormir,
Os papéis se invertiam e feliz como uma criança,
Escutava ele a fremir.