Afago da Ilusão
Direi ao mundo que não existes
Negarei esta alegria pueril
Que borda meus lábios
Quando sorris em meu pensar
És uma invenção dos meus olhos
Um pretexto ao respirar dos sonhos
Ainda que o sol descerre
A cortina do meu despertar
Sim, direi que não existes
És um delírio das minhas mãos
Que te criaram para que as palavras
Inquietas e insones acariciem-se
Na curva dos meus dedos
E te anuncias em meus instantes
No além dentro de mim
No sempre que me conduz
Ao assombro de te sentir
Tu não existes, direi mais uma vez
És uma miragem, afago da ilusão
Inventado por meus passos
Para o trilhar de um destino
Menos escuro no caminho do tempo.
Porque é em ti que principia o sussurrar
Da fragrância de todas as cores
És apenas uma visão dos meus lábios
Para que o meu silêncio
Pudesse se despir...
Fernanda Guimarães
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