OS GATOS
“... enxotei gatos lambendo
o prato da minha infância.”
Adélia Prado.
Gatos correm no tapete,
brincando.
Fios de infância.
Meninos meninas
enrodilhados em seus novelos.
Revelam-se, os gatos...
Acrobacias. Folguedos. Possuídos.
Asas demoníacas.
Olhos de espanto,
gatos são balanços,
gangorras,
corre-corre,
carrapichos
milharal.
Desvelam-se, os gatos.
Acrobacias. Folguedos.
E nós, os de outrora?
Cada vez que os vemos
somos fotografia antiga,
cara magrela:
o “click” do espanto.
– Do livro O POÇO DAS ALMAS. Pelotas: Universidade Federal, 2000, p. 85. Poema reformulado.
http://www.recantodasletras.com.br/poesias/2724574