E vinha o destino como uma nuvem de chuva
E vinha o destino como uma nuvem de chuva
Massiva, plumbea, coriscante,
Ao longe se via, e se anunciava no ribombar dos trovões
Como deixar ao desejo julga-la boa ou ruim?
Pois se ela simplesmente vinha
Física, meteorológica, climática
Mais correto julgar a mim
Já sabedor de sua vinda, por seu anuncio em todos os ventos
Em todos o cheiros de chuva, no voar baixo dos pássaros
Mais correto julgar a mim
Ao meu desconsiderar os sinais, ao não correr a me abrigar
Ao não desmarcar os compromissos
O destino vinha como uma nuvem de chuva
Que ocupava todo o horizonte a minha frente
Não ver não era opção
Fingir não ver era
Não me preparar para a chuva era
E só quando há opção é que pode haver julgamento
E o destino veio como uma nuvem de chuva
E a chuva caiu sobre a terra
E as sementes puderam então fecundar o solo.