agora eu sou só eu

as marcas dos meus pés

cravadas na areia

desaparecem em instantes

misturadas pelo vento

como fazem as mágoas

nos meus olhos

que se dispersam

logo adiante

meu passo muito é lento

o brilho intenso do sol

quando se reflete no mar

me ofusca

traz de volta em mim

tudo aquilo que se perdeu

pedaços da vida

sentimentos

enquanto meu olhar insistente

te busca

eu sozinho

nessa imensidão mal assombrada

desse apartamento

nesse momento

eu sou só eu

vago pelos jardins

me atiro das janelas

me escondo nos lençois

não restou mais nada

mais ninguem

só um silencio enorme

devastador

não existe nós

não existe

nada mais alem

alem de algumas

insignificantes feridas

e uma discretissima dor

e agora

o ceu

os sonhos

os planos

os desenganos

são meus

só meus

as estrelas

as emoções

as poesias

são minhas

só minhas

como são todas as noites

como são todos os dias

e tudo mais que vem do mundo

e tudo mais que meu pensamento

advinha

jose luis lacerda
Enviado por jose luis lacerda em 11/01/2011
Reeditado em 12/01/2011
Código do texto: T2723570