ANALISTA (EN)GRAÇA(DO)
De tanto olhar no espelho
Vi coisas que me assemelho,
Vi outras quase estranhas,
Suor sair das entranhas.
Pode ser um quadro imóvel.
Rápido, na vitrina, o automóvel,
Mas a lâmina permanece estática:
Que descoberta fantástica!
E quando passa a bela donzela
Ou a senhora de vestido aquarela,
Ou o moço de passo apressado,
Parece que correm do passado.
Pode ser descoberto n’água,
Se remexer, imagem apaga.
Reflete sem protestar,
- Será que quer me analisar?
De tanto olhar no espelho
Já peço a ele conselho
E me acostumo a repetir:
- Que vício, tenho que ir!