Porque não vem uma poesia

onde eu rasgue tua carne,

onde eu tenha coragem de dizer que

estou só de passagem

e que tudo acabou?

uma poesia criminosa,

sem caráter,

sem pudor.

Sem reconciliações,

com ações ferozes que sepultem

o que eu chamo de amor?

Nela eu tiraria cada virgula de você,

saborearia ver-te beber do meu veneno..

Minhas tormentas se tonando suas.

.. as tuas roupas sujas

e você mendigando minhas palavras

sem ter mais forças, nem para chorar...

porque não vem essa poesias insana,

que te maltrate,

que te desfaça,

te desbote

e bote logo todos os pingos nos is...

nela eu condensaria todos os meus canceres,

os meus cárceres,

num prazer indecifrável

e mordaz ao ver-te penar

como antes nunca quis.

Cristhina Rangel