O cigarro da pena
Fumo o cigarro da pena
Que eu tenho de quem lhe dá uso
Engasgo-lhe a morte
Nuns pulmões negros de fumo
A consciência não basta
Impõe-se a vontade
Enquanto é tempo
Sufoco na asma crónica
Mas prossigo o gesto
Chupo as pastilhas
Tomo o xarope
Para a catarreira
Agravo a sorte
Sou-lhe consorte
Engano meu!
Um dia eu quero
Mas já é tarde!
O diagnóstico
É a realidade
Se me arrependo?
Nem eu o sei
Fiz o que quis, em consciência
Mas o pior é o sofrimento
Malgrado a vontade
Companheira da desgraça
Vai uma última passa?
Desculpem-me os que cá ficam
Pela dor que vos causei
Pelo fumo que involuntariamente inalaram
Sem nunca de mim se cansarem
Devo confessar:
(Ainda assim vou feliz!)
Pois, faria tudo outra vez!