O cigarro da pena

Fumo o cigarro da pena

Que eu tenho de quem lhe dá uso

Engasgo-lhe a morte

Nuns pulmões negros de fumo

A consciência não basta

Impõe-se a vontade

Enquanto é tempo

Sufoco na asma crónica

Mas prossigo o gesto

Chupo as pastilhas

Tomo o xarope

Para a catarreira

Agravo a sorte

Sou-lhe consorte

Engano meu!

Um dia eu quero

Mas já é tarde!

O diagnóstico

É a realidade

Se me arrependo?

Nem eu o sei

Fiz o que quis, em consciência

Mas o pior é o sofrimento

Malgrado a vontade

Companheira da desgraça

Vai uma última passa?

Desculpem-me os que cá ficam

Pela dor que vos causei

Pelo fumo que involuntariamente inalaram

Sem nunca de mim se cansarem

Devo confessar:

(Ainda assim vou feliz!)

Pois, faria tudo outra vez!

Fana
Enviado por Fana em 09/01/2011
Código do texto: T2719343
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