Alma de Poeta
Alma de poeta não é coisa bela
Maravilha, beleza a se desfrutar pelo olhar.
Alma de poeta é coisa ferida,
Machucada, dilacerada,
Gotejante em sangue
Pelo verbo sentir.
Pois poeta que é poeta
Se entrega ao sentimento,
Rasga o coração
Sente a dor, a desilusão
Bater implacavelmente no peito.
São seres que se perdem
Nas margens e miragens da ilusão.
Esvaindo-se, admirando-se
Nas bocas da paixão.
E tantas, e tantas... E tantas
Lágrimas derramadas pelo chão.
Tantas agonias, tantas alegrias
Gritadas desesperadamente no papel...
Não, alma de poeta não é coisa bela não
Pois o que há de beleza escorrida
Em tal específico tipo
De intangível criatura perdida
Não é alma, não é o poeta,
É a poesia.