Sorte de Ser Poesia

Quero a sorte de ser poeta morto

Antes do abrir-de-cortinas do céu

E do início do transitar

Frenético dos homens-máquina.

Quero a sorte de ser boêmio,

Poeta ébrio na liberdade da noite.

Livre das grades abstratas

Que tanto sufocam o bicho-homem.

Quero a sorte de ser apaixonado

Enlouquecido, de cantar serenatas

Aos pés das janelas

Das moças mais belas

Aonde romance virou coisa de poeta.

Quero a sorte de ser vagabundo,

De ser louco. De ser o resto do pouco

Que restou dos hereges,

Dos que negaram a se converter.

E quero a sorte de ser poesia,

De ser sentimento desvairado,

Despreocupado, apenas instinto.

Apenas sentido pra existir.

Nós somos o que sentimos,

Então deveríamos aceitar o ser.

Questionar as ordens e desobedecer.

Escutar a voz ignota das emoções.

Pois quem já não sente

De fato já não é.

Ironic
Enviado por Ironic em 09/01/2011
Código do texto: T2719282
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