QUERIA SER O VENTO
Queria ser o vento.
Balançar as folhas
das árvores mais altas
vergar delicadamente
o corpo das flores.
Queria ser o vento:
dobrar esquinas a esmo
brincar nas asas de um pássaro
sustentar a vertigem
e o delírio dos homens.
Queria ser o vento
e revolver mares e cortinas.
Não ter rumo certo
nem pressa de chegar
a algum lugar.
Queria ser o vento
só para acariciar teu rosto
tua pele como se fosse nuvem
enlaçar teu cós
dançar nos teus cabelos.
Queria ser o vento,
ruflando no peito de um menino
soprar velas
mover mil véus
não ter destino.
João Lima
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