" Lembranças"

Lágrima! A mais biológica essência do organismo!

Brotando do âmago, és intrépida na fusão entre corpo e alma;

Para que expresse sentimentos cavados pelo abismo...

Transvazam as emoções...

E reportam-me ao desnudamento que exalam!

Querido...que mundo injusto! Eterna distância!

As músicas me levam a defrontar uma sombra esquecida...

Serão essas músicas um aviso ou um delírio da infância?

Da lembrança de seu lado cruel, repentinamente enaltecida...

Lembro-me da infância...a longa espera por um momento sóbrio;

Mas não a espera por aquela estranha e trôpega sobriedade...

Travestida pela abstinência;

Quero a tranqüilidade resvalada por face cálida, gestos simples e nãoignóbil;

A busca por aquele momento ébrio, que do ápice do amor...

Jorra resplandescência!

Uma tranqüilidade límpida, oceano de águas tranqüilas!

Querido...não saia dessa nuance!

Ao menos nesse instante...

Fuja deste copo que te domina!

Faz retornar o breve momento pra dentro de mim, me afaga!

Sinta a leveza da esperança, de uma criança que te aguarda...

Mas nesse copo você se afogava...

E a frenética violência se propagava...

Curvo todo o meu corpo como um feto!

E a luta travada entre o bem e o mal dentro de mim era reiniciada...

O ódio ou sei lá o quê começava a me absorver...

Queria por longas horas que você não mais existisse;

Os sentimentos eram como raios de um crepúsculo em sua obliqüidade...

E quando a névoa da esperança não mais os extinguissem...

O coração se torna ouvido trêmulo no torpor de uma tempestade!

Queria destrinchar as incertezas de sua alma...

Mas como é difícil ao menos te dar um abraço!

Quão bons são os papéis e as palavras...

Que das coisas desconhecidas eu extirpo os estilhaços!

Há aquele entendimento pelo olhar...

Porque seus olhos são assim tão longínquos?

És aparentemente tão calmo, mas intensamente ostensivo!

Penso que para ti, tão longe de si, o amor é nocivo...

O que me resta agora? Será a saudade?

De um mundo longínquo, eternamente distante...

Será este amor uma ilusão?

Ilusão de um amor que eu engendrei?

Talvez essa solidão seja o reflexo de uma saudade que eu inventei...

laripsyche
Enviado por laripsyche em 23/06/2005
Código do texto: T27164