OLHEI-ME

Olhei-me

e vi um mar encapelado.

Vi o medo

o medo de afundar-me

nos fundos

infindáveis.

Olhei-me

e senti o peso da cidade

desse betão armado

que me esmaga

na solidão

dos artifícios

e nas teias

da massificação.

E perco a identidade.

E sou um factor numérico

se tanto.

Leiria, Portugal

Orlando Caetano
Enviado por Orlando Caetano em 23/10/2006
Código do texto: T271523